Handmaid's Tale tinha um desafio enorme na sua segunda temporada, ela tinha que manter o nível da sua aclamadíssima primeira temporada, honrando os incontáveis prêmios que ganhou.
Ficou claro já no primeiro episódio que os roteiristas estavam levando essa dificuldade a sério, ele foi todo perfeito, mas aquela primeira cena merece destaque, porque mesmo que o lado racional do meu cérebro dissesse que as aias não iam ser executadas, até porque June estava entre elas e a série não ia dispensar sua protagonista desse jeito, ainda mais se ela é interpretada com maestria por Elisabeth Moss, mas o roteiro foi tão bem elaborado que foi impossível não ficar angustiada.
No quesito desenvolvimento da mitologia, o programa estava em uma situação interessante, porque embora não tivesse mais o livro de Margaret Atwood como base, tinha a própria na equipe de escritores, então precisavam inventar histórias novas, mas quem melhor que a criadora de tudo para ajudar nesse processo?
Foi muito interessante e informativo ver as leis que fundamentariam Gilead começando a serem implantadas e o passado de personagens como Selena Joy, Fred Waterford e Emily, tudo isso nos ajudou a entender melhor no que aquelas pessoas acreditam, o que faz eles agirem daquele jeito e como funciona aquele mundo. Outro fato intrigante foi saber mais sobre o funcionamento das colônias, que pra mim pareceu uma clara alusão aos campos de extermínio nazistas, mas ainda ficaram muitas perguntas sobre esse assunto, ficou óbvio que os prisioneiros estão mexendo com algo tóxico, mas o que exatamente? esse material teria algo a ver com o problema da infertilidade humana? na verdade, o que eles estão fazendo lá? Talvez tenhamos essas respostas no futuro.
Mais uma coisa fascinante apresentada foi como as pessoas normais vivem, quero dizer, quem não é um membro do governo, esposa, aia ou no máximo empregada doméstica. Essa gente tem uma rotina bem mais parecida com a nossa, saindo pela manhã para trabalhar e voltando no final do dia e encontrando sua família em casa, isso deu uma sensação de alívio, mas a ideia de "nem tudo está perdido" foi embora quando descobrimos que eles também tem que seguir as mesmas regras absurdas e ainda entregar suas filhas adolescentes para casamentos forçados.
Mesmo que tecnicamente perfeita, essa temporada não conseguiu unanimidade com o público. Muitos espectadores, principalmente as mulheres, alegam que a série passou do ponto na violência, e estava colocando cenas pesadas somente com o objetivo de chocar. Eu até consigo entender essa reclamação, foram apresentadas muitas cenas perturbadoras e fico me perguntando se precisava mesmo fazer a gravidez da June ser tão difícil e depois fazer ela dar a luz sozinha, em uma casa abandonada, com um lobo espreitando do lado de fora, mas o fato é que Handmaid's tale já tinha deixado claro que não era uma série fácil de se assistir e cada acontecimento serviu para interferir no comportamento dos personagens de algum jeito, então não considero que a história tenha sido prejudicada.
Acredito que a principal ponta solta que ficou para a 3° temporada é a situação de June, ela vai voltar para a casa dos Waterford, morar com o comandante que ajudou Emily a fugir ou viver como uma fugitiva, do mesmo jeito que fez nos primeiros episódios?
Temos também outras perguntas, como a punição que Serena sofreu, com a conivência do marido, e a perda da filha que ela lutou tanto para conseguir vai afetar suas atitudes? e ainda, será que vamos ver Emily criando Nicole no Canadá?
A curiosidade é grande e mal podemos esperar até 2019 para ter essa maravilha de volta.
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